Por que de santo e de louco todo mundo tem um pouco, e lá em algum lugar de nós, ela dorme enroscada na base da coluna vertebral como uma energia latente e basta uma oportunidade apenas para que ela como Kundalini parta para uma aventura tresloucada na vida espiritual chegando às visões transcendentais do Nirvana, ou se divirta muuuuuito no campo das divinas tentações humanas.
Vamos brincar e imaginar:
“Hoje ela acordou assim, deslumbrante, linda e sensual. Ao levantar da cama pensou, uhmmm…hoje é meu dia! Ai meu Deus, ela pensa assim todo santo dia!
Deslizou da cama para viver mais um dia de cobra, e se prometeu conquistar, custe o que custar tudo aquilo que tem por direito. Deus sabe o que essa venenosa cabeça pode desejar hoje…
Saiu de casa vestida para matar, seduzir, encantar, ou simplesmente linda e descuidada (hum…mentira!) em seu jeans simplesinho, mas cheio de um encantador charme fatal.

A Cobra saiu de casa com seu andar sinuoso e insinuante. Foi pro trabalho ou foi pra balada? Será que tem diferença? Afinal o que é um limite para quem vive transgredindo as regras?

Ao abrir sua boca o que se pode esperar? Um canto de sereia, um som hipnótico que sabe alcançar o que deseja, a distancia certa entre o objetivo e o salto, o ato de induzir ao erro e ao engano, a malícia enigmática que seduz e gera um encanto obsessivo?
Pode ser que sim! Mas pode ser apenas um hábito de quem precisa afirmar a si e ao mundo que tem poder para chegar onde quer, com maça ou sem maçã, nem sempre a serpente é tão obvia como em alguns personagens emblemáticos do nosso imaginário.
Mas ela é parte do ser humano, se não fosse, não estaria representada em um Oráculo, uma Vênus, uma Deusa, uma força instintiva e irracional que mesmo quando adormecida, jamais será inocente ou domesticada. Melhor não negar sua realidade, feliz de quem se entender com ela!
Afinal o mundo não é a visão do Paraíso, e até as Cobras tem direito a vida!
Nosso mal hábito de viver com o dedo indicador apontado na direção do outro faz da Cobra um personagem perfeito para polarizar nossos mais secretos medos: ter o amor roubado por outrem, ser traído ou trocado por uma pessoa irresistível, ser vitima da maldade alheia, ter de constatar a triste verdade de viver com a sexualidade empobrecida pela culpa!
Ter a Cobra como rival não é uma boa idéia, mas transformar a Cobra em vilã, ladra do amor alheio, língua venenosa é empobrecer seu digno lugar de apenas representar uma faceta daquilo que existe em todos nós.
Quando encontrar a Cobra em seus jogos, cuidado, atenção! Avalie melhor antes de apedrejar a pobrezinha e julga-la como a culpada de todo mal que acomete a consulente, afinal, quem pode dizer se a cobra não está sentada bem ai na sua frente?! Ou você nunca ouviu de alguém a inocente pergunta “Você conhece um trabalho para separar fulana de fulano…”?
Um pouquinho de gentileza é o suficiente para dar tempo de vermos com mais razão aquilo que a Cobra representa. Em vez de julga-la e mata-la a pauladas, experimente olhar as cartas ao redor e descobrir se a o que ela diz não pode ser de bom uso para orientar uma mudança de atitude do outro.

Pronto falei!
Bom fim de semana amigos da Tzara. Que Sara nos conduza a salvo dos verdadeiros perigos nos alertando a cuidar melhor de nós e dos outros!
